18/11/2011

Barreiras de segurança

Quando se fala de segurança de uma central nuclear, o que está em causa é a retenção, nas barreiras de segurança, das substâncias radioactivas que são produzidas no reactor, durante o seu funcionamento, de modo a evitar que essas substâncias radioactivas se escapem para o ambiente exterior. A segurança de uma central nuclear nada tem a ver com a hipotética explosão do reactor, como se fosse uma bomba, pois tal comportamento é impossível. Na realidade, as condições que permitem produzir uma explosão nuclear não podem verificar-se nos reactores que equipam as centrais nucleares, visto que estas utilizam combustível com uma percentagem de materiais cindíveis muito menor e, sobretudo, são concebidos segundo princípios diferentes e funcionam de modo distinto.


A primeira barreira de segurança é o próprio combustível nuclear: a respectiva matriz metálica ou cerâmica retém a maioria dos produtos de cisão. A segunda barreira é a bainha estanque e resistente à corrosão que envolve o combustível nuclear. A terceira barreira é formada pelas paredes do circuito primário de refrigeração do reactor nuclear. Finalmente, quase todos os reactores estão encerrados em contentores resistentes à pressão e/ou em edifícios que podem ser tornados estanques automaticamente e podem ser ventilados em condições de segurança.

Posto isto, por acidente nuclear entende-se um acontecimento não intencional que reduz a integridade de uma (ou mais) das referidas barreiras, para além do nível previsto pelo projecto ou consentido pela licença de exploração.

O principal objectivo, em termos de segurança de uma central nuclear, consiste, pois, em manter a integridade das barreiras múltiplas. Isto é conseguido através da defesa em profundidade que pode ser caracterizada por meio de três níveis de medidas de segurança:
-- medidas preventivas: para tentar evitar os acidentes;
-- medidas protectoras: para tentar limitar as consequências dos acidentes;
-- medidas mitigadoras: para tentar reparar os efeitos dos acidentes.

Como em qualquer outra actividade humana, não é possível evitar totalmente a ocorrência de incidentes e de acidentes na indústria nuclear. Convém, todavia, não confundir acidente com incidente: um elevador pode avariar-se sem pôr em perigo os seus ocupantes. E, sobretudo, o importante é que a segurança não seja descurada, preocupação que é partilhada pelas empresas que projectam e constroem a central, pelo organismo oficial que é responsável pelo seu licenciamento e pela empresa produtora de electricidade que a explora.

Bainha Camada exterior de matéria aplicada directamente sobre o combustível nuclear, afim de: (1) garantir a sua protecção contra um meio quimicamente activo; (2) reter os produtos radioactivos formados durante a irradiação do combustível; ou (3) proporcionar um elemento de estrutura.

Circuito primário de refrigeração – Circuito em que circula um fluido de refrigeração utilizado para extrair energia de uma fonte de calor primária, tal como o núcleo de um reactor nuclear.

Combustível nuclear Matéria contendo nuclidos cindíveis que, colocada num reactor, permite que aí se desenvolva uma reacção de cisão nuclear em cadeia.

Cuba (de um reactor nuclear) – Recipiente principal que envolve o núcleo do reactor, pelo menos.

Elemento de combustível – O menor elemento estrutural do núcleo de um reactor nuclear cujo principal constituinte é um combustível nuclear.

Produtos de cisão – Nuclidos produzidos na cisão nuclear. Os produtos de cisão podem resultar quer directamente pela cisão nuclear, quer posteriormente pela desintegração desses nuclidos radioactivos.

Cf. http://energianuclear-bases.blogspot.com/2011/11/energia-nuclear-glossario.html

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