Quando se fala de segurança de uma central nuclear, o que está em causa é a retenção, nas barreiras de segurança, das substâncias radioactivas que são produzidas no reactor, durante o seu funcionamento, de modo a evitar que essas substâncias radioactivas se escapem para o ambiente exterior. A segurança de uma central nuclear nada tem a ver com a hipotética explosão do reactor, como se fosse uma bomba, pois tal comportamento é impossível. Na realidade, as condições que permitem produzir uma explosão nuclear não podem verificar-se nos reactores que equipam as centrais nucleares, visto que estas utilizam combustível com uma percentagem de materiais cindíveis muito menor e, sobretudo, são concebidos segundo princípios diferentes e funcionam de modo distinto.
A primeira barreira de segurança é o próprio combustível nuclear: a respectiva matriz metálica ou cerâmica retém a maioria dos produtos de cisão. A segunda barreira é a bainha estanque e resistente à corrosão que envolve o combustível nuclear. A terceira barreira é formada pelas paredes do circuito primário de refrigeração do reactor nuclear. Finalmente, quase todos os reactores estão encerrados em contentores resistentes à pressão e/ou em edifícios que podem ser tornados estanques automaticamente e podem ser ventilados em condições de segurança.
Posto isto, por acidente nuclear entende-se um acontecimento não intencional que reduz a integridade de uma (ou mais) das referidas barreiras, para além do nível previsto pelo projecto ou consentido pela licença de exploração.
O principal objectivo, em termos de segurança de uma central nuclear, consiste, pois, em manter a integridade das barreiras múltiplas. Isto é conseguido através da defesa em profundidade que pode ser caracterizada por meio de três níveis de medidas de segurança:
-- medidas preventivas: para tentar evitar os acidentes;
-- medidas protectoras: para tentar limitar as consequências dos acidentes;
-- medidas mitigadoras: para tentar reparar os efeitos dos acidentes.
Como em qualquer outra actividade humana, não é possível evitar totalmente a ocorrência de incidentes e de acidentes na indústria nuclear. Convém, todavia, não confundir acidente com incidente: um elevador pode avariar-se sem pôr em perigo os seus ocupantes. E, sobretudo, o importante é que a segurança não seja descurada, preocupação que é partilhada pelas empresas que projectam e constroem a central, pelo organismo oficial que é responsável pelo seu licenciamento e pela empresa produtora de electricidade que a explora.
Bainha – Camada exterior de matéria aplicada directamente sobre o combustível nuclear, afim de: (1) garantir a sua protecção contra um meio quimicamente activo; (2) reter os produtos radioactivos formados durante a irradiação do combustível; ou (3) proporcionar um elemento de estrutura.
Circuito primário de refrigeração – Circuito em que circula um fluido de refrigeração utilizado para extrair energia de uma fonte de calor primária, tal como o núcleo de um reactor nuclear.
Combustível nuclear – Matéria contendo nuclidos cindíveis que, colocada num reactor, permite que aí se desenvolva uma reacção de cisão nuclear em cadeia.
Cuba (de um reactor nuclear) – Recipiente principal que envolve o núcleo do reactor, pelo menos.
Elemento de combustível – O menor elemento estrutural do núcleo de um reactor nuclear cujo principal constituinte é um combustível nuclear.
Produtos de cisão – Nuclidos produzidos na cisão nuclear. Os produtos de cisão podem resultar quer directamente pela cisão nuclear, quer posteriormente pela desintegração desses nuclidos radioactivos.Cf. http://energianuclear-bases.blogspot.com/2011/11/energia-nuclear-glossario.html
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